domingo, 29 de setembro de 2013

POEMA Nº 124 - RETALHOS IV

De tudo o que sou e o todo que fui
Sangram palavras vãs
Cálices vazios de vida
Rubro sangue a escorrer
Pela garganta da noite
Que se emprenha de sólidas dores
De sonhos destruídos
Aniquilados
Pela força do inexorável tempo.
Odiado. Temido. Inevitável.
Implacável!


Arquivo: Fanatsia 37


Quero da vida o que mereço
E ela está em débito comigo!
Vou arrancar as minhas prendas
Nem que eu tenha que tirar
Com unhas e dentes
Das entranhas desta droga de vida.
Indubitavelmente!


O silêncio me impera...
Obriga-me ao esconderijo.
Recolho os pedaços que consigo
do que restou. De mim...
Cansada, entrego-me.
Esqueço-me.
Em desadorno perderam-se meus dias.
Se para viver, é preciso morrer,
cem vezes mil ...
Que fazer?
Apressa-te, que a conta poderá ser
o reverso.
Tempo é eterno?
Mera espuma lançada ao vento.


Imagem: Toca da Morgana

Autorias: Lavínia Andrill

POEMA Nº 123 - RETALHOS III

1.

Meu anjo azul cansado e trôpego, caiu.
Vestiu-se de azeviche
E agora anda penando
Por becos vazios e escuros  
de trevas e demônios...
E não consegue encontrar
O caminho de casa.
Perdeu-se nos labirintos sombrios
das noites decadentes
e sem alma.
Meu anjo azul perdeu suas asas.
Foram-se os sonhos.
Restaram-se apenas
espantos e abandonos.
Desencantos.
E breu.



Arquivo: Anjo 14


2.
Cada vez que olho o calendário,
Transpassa-me feito lança uma dor imensa...
Quisera pegar o tempo
E prendê-lo na palma da minha mão...
E fazê-lo parar de voar...
E apagar as cicatrizes que ele deixa
Em mim.
E ter mais tempo
para viver.
O agora.


Autoria: Lavínia Andrill
Imagens: Internet


POEMA Nº 122 - SEM ERMO, SEM NEXO.

E batia um desespero
de tanto procurar a ermo
e sem nada encontrar...
Por que eu havia perdido
coisas singelas e importantes!
Mas o rumo era errado
e nada aparecia
tudo parecia muito confuso
E nada mudava
E eu derrotada
buscava
e não encontrava.
E as cenas se repetiam
pelos lugares estranhos
e medonhos...
Pessoas desconhecidas
tentei comandar
mas ninguém obedecia.
E eu seguia
sem rumo certo
a procurar.
Mas nada encontrei.
No desespero, acordei.
A vida me chamava!


Autoria: Lavínia Andrill]
Imagem: Internet
Arquivo: Fantasia/Mulheres Celtas

CANÇÃO Nº 066 - COM MUITO AMOR E CARINHO



LUIZ MELODIA

POEMA Nº 121 - NÓS DUAS, DIVINAS!

Gosto de ficar
inventando cartografias em teu corpo.
Guias para a minha perdição!
Farol? Precisa não!
O que eu quero é perder-me. Diluir-me.
Desaparecer nesta geografia 
de belos relevos e fantasia.
Teus olhos, duas luas azuis
que brincam de pisca-pisca
no negrume dos meus.
Pétalas de rosa carmim, teus lábios
entreabertos, sensuais, convidativos
por onde desliza úmida língua atrevida...
A desdenhar dos meus desejos
e a brincar de procurar caminhos
pelas minhas pernas...
Minha bela menina
és minha. Sou tua.
Nós duas, divinas!


Autoria: Lavínia Andrill
Imagem: Pintura "O SONHO DE COURBERT"




POEMA Nº 120 - INVERNECER DOS DIAS

Germinam em mim, flores de angústias,
nefastas mandrágoras e negros jasmins! 
Vicejam em minha urbe todas as tristezas,
Em meu céu, anjos caídos, pequenos netinins.
Escondo-os do mundo
Em recônditos e intransponíveis labirintos!
Ninguém precisa saber.
Marcam-me a alma em cicatrizes
Lobos famintos...
Invernecem meus dias.
Calam-me na alma todas as dores,
Em soluços e lágrimas
Que os olhos não conseguem verter...
Mergulho num mar de neurastenia
Na mais absoluta letargia.
A parte disto, sou humana,
Vibra em mim um Ser! 

Arquivo: Lavínia Andrill
Imagem: Internet
Arquivo: Mulheres 43


POEMA Nº 119 - FLOR! DE LIS!

Menina Flor! De Lis!
(Tanto e muito que te quis...)

O que me encanta em ti
É este teu sorriso meio ingênuo, meio safado,
Que transborda todas as possibilidades,
Despertando meus instintos de caçadora
Deixando-me faminta . De ti.

Pequena Flor! De Lis!
(Podes ser minha fautriz?)

O que me deixa louca por ti
São estes teus olhos de convites e promessas
Brincadeira de recusas e entregas
Loucuras sem fim (O novo querendo experimentar... de novo!).

Doce Flor! De Lis!
(Dá-me tua sombra, tamariz)

O que me deixa embevecida de ti
É este cheiro de fêmea (igual ao meu) 
Em mil fomes de conquistas e cobiça
Que me atiça e me prende a tuas teias
E faz-me escrava dos teus desejos e amores
Deixando-me de mim, alheia.

Louca Flor! De Lis!
(Sou Cleópatra, tua felatriz!)

Rastro de perdição e delírios
Quero desbravar teus odores, teus poemas, teus cantos
Traçar mapas em teu relevo de armadilhas e encantos
E me perder em crateras e florestas de fadas e faunos
Na mais completa sedução de tuas pétalas.

Minha bela Flor! De Lis!
(Enlouquece-me, por um triz!)


Autoria: Lavínia Andrill
Imagem: Internet
Arquivo: Mulheres 3

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

POEMA Nº 118 - CORPO, PRISÃO DA ALMA.

Alma presa no hospício de um corpo
Rebela-se. Quer partir.
Prisão 
De altíssima periculosidade.
Minha (?)
Este corpo não me deixa ir
Corrompe-me, pobre alma.
Corpo mundano de luxuriosos dias,
As estrelas me chamam.
Liberta-me.
Deixa-me ir.
Corpo de penhascos e precipícios,
De solidões e demônios.
Prende-me a ti.
Liberta-me.
Quero ir.
Corpo teimoso, meu lugar não é aqui.
Liberta-me!
Preciso ir!


Autoria: Lavínia Andrill
Imagem: Internet
Arquivo: Mulheres 202

POEMA Nº 117 - SILÊNCIOS... AUSÊNCIAS E SOLIDÕES!

Vivo de colecionar silêncios
Guardar ausências e solidões
No mais que perfeito tempo
De reticências...  e interrogações (?)
Compreendes? Eu também. Não!
Corremos em veredas paralelas
Respirando tormentas em despedidas
Lembranças do pouco que houve...
Perdidas.
Na inexorável curva do tempo
Que, com pé de vento,
Nos arrebata ao incognoscível
De um fim inevitável e previsível.


Autoria: Lavínia Andrill
Imagem: Internet
Arquivo: Mulheres 36

CANÇÃO 064 - INSENSATEZ



INTÉRPRETE: FERNANDA TOKAI

POEMA Nº 116 - DESPETALANDO SAUDADES

Sigo
Despetalando saudades
Em desalinho
No desgoverno do tempo.
Perderam-se flores jogadas
Ao fundo de um poço. 
Na estrada
Restaram cacos (de mim).
E daí?
Tudo ficou como dantes
Diluído no nada
Do que tentamos ser. 
(Tentastes?).
No fim das contas,
O que te desaponta
Se não te importas?
Já estou abrindo outras portas.



Autoria: Lavínia Andrill
Imagem: Internet

POEMA Nº 115 - CUIDADO! SOU O QUE VOCÊ NÃO VÊ...

Quem assim me ver
Nada sabe do meu ser
(Tão dona de mim)
Senhora do dia,
Senhora da noite,
Rainha do ludo,
De beijos e açoite
Da insânia, Soberana.
De pretéritos imperfeitos, mais que tudo!
(Só não sou dona do tempo)
Não importa.
Cuidado! Não te enganas!
Moram em meu peito,
Um deus que uiva
E um demônio que ama!

Autoria: Lavínia Andrill
Imagem: Internet
Arquivo: Mulheres 165

POEMA Nº - 114 - ESPECTRO

Estou por um triz. 
Apertam-me todos os desesperos, 
num coração constrito. 
Labiríntico.
Rendo-me numa dor sem fim.
Tautológica.
Olho ao redor . De mim mesma,
só restaram prantos. Secos.
Pantofóbica.
Lassos braços já não erguem a luta.
Entrego-me. Covarde. 
De mim, desisto .
Pávida.
Já não choro.
Já não grito.
Nada faço.
Vegeto.
Não existe esperança,
Se não há vida.
Apenas, quedo-me.
Espectro.


Autoria: Lavínia Andrill
Imagem: Internet
Arquivo: Mulheres 188

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

CANÇÃO Nº 063 - CIRANDEIRO



Eu adoro cirandas!!!

Não sei por que as cirandas me trazem uma melancolia enorme... mas, uma melancolia... gostosa... Vejo-me dançando, descalça, com um vestido colorido, cheio de babados e bordados que deixam livres minhas pernas, a cabeça enfeitada de flores, cabelos longos e negros... e fico  rodopiando, rodopiando... dançando ciranda, ao redor de uma fogueira que crepita selvagemente... Cigana? Talvez... Cigana que dança cirandas ao redor de fogueiras...

sábado, 21 de setembro de 2013

POEMA Nº 110 - POR QUE TANTO TE DEMORAS?

Consome-me em fráguas, a razão.
Fantasias em profusão, labaredas...
Quero, não devo...
você em minhas veredas.
Em vão, tanto anelo! Apelo,
desatinado coração
paixão que entorpece
meus sentidos, me enlouquece,
Paixão!
Tanta, que me imaniza!
Escraviza
em um querer insano (inculpe), incontido...
Loucura!
Obscenos desejos
inconfessos, escondidos...
Ter você, não tê-lo,
paradoxo que arde as entranhas
tão carentes de ti,
em mim.
Quero-o em meu corpo,
Toma-me sem demoras,
Pois urde em mim esta paixão
Desmedida e faminta!
Não vês como te implora?
Não minta!
Não vens...
Em ti o fogo não arde em intensidade?
Não consome o teu sexo a desejar o meu?
Maldade...
Inverneceu
em minha alma breu...
Por que não vens?
Quebra
as barreiras, vença as horas,
mande embora
a maldita distância...
Por que tanto te demoras,
se te imploro que venhas
em qualquer circunstância?   

     
Autoria: Lavínia Andrill
Imagem: Internet
Arquivo: Mulher 124

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

SUB Senzafiato Negramaro Dolores O' Riordan

POEMA Nº 109 - DOR E PRAZER - ÊXTASE ABSOLUTO...

Entre a dor sutil e o prazer pleno
Eu fico com os dois!
Dor ieefável, prazer extremo, 
- união mais que perfeita -
Indizível, na resposta do corpo,
estímulo doloroso, inebriante!
Miscigenação 
- dor ponderável, prazer embriagante -
Prazer absoluto 
- corpo se entrega resoluto -
Sem reservas, sem dúvidas, sem medos...
Rendição em total redenção...
Conhecer as nuances da mente...
Os mistérios do coração...
Testar limites
físicos, psicológicos, ou mais...
Tua supremacia, teu potentado 
– inquestionáveis -
Sobre meu corpo, minha mente, meu espírito...
Transcendendo o que há
na pura essência do meu ser
que se entrega em êxtase,
uno e absoluto!
De mim mesma sou
Senhora! Rainha! Deusa!
Pois que me permito
a ti pertencer!
Meu Dom.


Autoria: Lavínia Andrill
Imagem: Internet
Arquivo: Sub 37

POEMA Nº 108 - FEÉRICA QUERÊNCIA

Arde em mim uma feérica querência
Ir muito além do que sou...
Mais do que me é permitido...
Nada posso fazer.
Meus olhos transpassam as estrelas,
Meus braços são curtos...
Não posso alcançá-las!
Alma minha, insólita, inquieta,
Alumbra-se diante dos teus mistérios
Universo de mil faces!
Minha pequinez me arde...
Quedo-me ao incognoscível.
Temporariamente.



Autoria: Lavínia Andrill
Imagem: Internet
Arquivo: Mulheres 46

POEMA Nº 107 - INSANA NEFELIBATA

Se o meu amor por ti
não é uma constante festa em tua vida,
é porque há frios desertos
e longos hiatos na minha!
Os descaminhos me desnorteiam
e a vacuidade desmedida dos meus dias
aborta os meus ambíguos quereres
para num instante depois,
recriá-los, amamentá-los, acalentá-los,
de volta à vida.
Hipertímicos quereres, sôfregas emoções,
escalam montanhas e rolam por vales
numa frenética e louca  ciranda,
em busca de ti!
Vão e vem, ensandecidos, desgovernados.
Entregam-se, negam-se, resistem, desistem,
insistem, retornam a ti!
Que fazer se meus loucos quereres,
mergulham na ilinearidade dos meus sentimentos?
Que fazer, se este amor,
transformou-me em uma insana nefelibata,
que se entrega e se arrebata
a sonhos etéreos e desejos profanos, e se perde
sem salvação, e se acha
na doçura deste querer
que enfeitiça e seduz!
Que fazer se este insensato querer,
me faz amante
de mim...
Num amor solitário...
Que me doma os sentidos,
abstrai-me a razão,
e me extasia num prazer
de ter você em mim
na imaginação
a qual me entrego
com sofreguidão!


Autoria: Lavínia Andrill
Imagem: Internet
Arquivo: Fantasia 102

terça-feira, 17 de setembro de 2013

CANÇÃO Nº 062 - CARTAS DE AMOR



ARMIK, belíssimo!

POEMA Nº 106 - ALMA LÍRICA... ALMA AMANTE!

Eu tenho uma alma lírica
Que ama as rimas de um verso raro
E a melodia maviosa das belas canções!
Grita em minha alma os idílios olímpicos
De quimeras paixões: sagrado e profano!
Guarda a minha alma sonhos sem fim
De amores lascivos e perenes de
Lilith, Cleópatra, Afrodite!
Evoco em mim todas as deusas
E as grandes amantes
Torno-me absoluta, 
mulher de poderes!
Guardiã de íntimos segredos
Que não lhes é permitido revelar!
Resvala em minha alma
paixões incontidas,
Obscenas e inconcessas,
Numa catártica singularidade
Que me eleva ao paraíso!


Arquivo: Lavínia Andrill
Imagem: Internet
Arquivo: Fantasia 100

POEMA Nº 105 - ALMA INQUIETA

Criastes asas, alma alada, criastes asas,
voando por universos
a ti não permitidos...
Alma inquieta, alma selvática,
o mundo em que vives
não te basta?
Alma aventureira, alma lasciva,
alma inconsequente,
alma leviana,
cuidado com os teus precipícios,
alma exagerada!
Alma hipertímica, 
retoma o teu estame!


Autoria: Lavínia Andrill
imagem: Internet
Arquivo: Fantasia 108

POEMA Nº 104 - A DOR DE GAIA

Mora em meu peito uma dor
que, de tão grande, não se cabe.
E se espalha por todos os nervos e fibras
deste meu corpo mundano.
Sobressai-se a dor de Gaia,
Maior que a dor do todo...
Mas, silencia-se,
diante da vastidão entorpecida dos meus sentidos!
Não tenho o que mais quero...
A parte disto,
abarco todas as dores.
E todas as solidões
explodem em súbitos desalinhos
em descompassos e cansaços
na fatuidade dos meus dias...
Etéreos. Indomáveis. Dolorosos.
A minha dor
sobrepõe a dor de Gaia!


Autoria: Lavínia Andrill
Imagem: Internet
Arquivo: GAIA 5


CANÇÃO 061 - TANGO DE ROSES



GIOVANNI MARRADI

POEMA Nº 103 - A SOLIDÃO DOS TRISTES

A solidão dos tristes
trago bem guardada em mim
Trago bem guardada em mim
as lembranças dos desejos escondidos
nas tramas do lençol
que cobre a cama não desfeita...
Trago bem guardadas em mim
as ausências marcadas
nas dobras do tempo ido
em que não te fizeste presente.
Moram em meu peito,
todas as solidões
e a lúgubre certeza
de não ter vivido
o quanto merecido.
A maior, de todas as dores,
é a certeza
de que nada volta.
Por isto,
trago em mim
a solidão dos tristes.


Autoria: Lavínia Andrill
Imagem: Internet
Arquivo Fantasia