quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

POEMA 277 - A IMENSIDÃO DE UM ÓDIO


Arde em mim um ódio imenso,
incomensuravelmente, insano
de um tamanho absurdo
que grita nas entranhas
mas, não se mostra ao mundo
- quem o compreenderia?
Treme as carnes, desventrando as vísceras
enlouquecendo a alma...
Desesperação dos sentidos
ensandecidos que clamam
por misericórdia
- ninguém os ouve,
- nem Deus... se o matei!
O que fazer para acalmar
os demônios que em mim rugem,
e tanto me dilaceram?
Cálice de sangue maldito
sorvo garganta adentro
conspurcando-me, vida a fora.
(mais uma loucura imensa
desvirginando a
brancura de um papel...)
Os demônios, em mim, rugem!
E este ódio que não controlo,
lentamente me mata!
Deus, depois de matá-lo milhões de vezes,
definitivamente, o matei!
estou só, mergulhada
na imensidão de um ódio
que me enlouquece
e me escraviza!
- ainda saberei ressuscitar Deus
um dia?


Imagem: Internet

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

276 - DOCE MENINO DE ARREBÓIS IRISADOS

Estes teus olhos de chuva fina
Penetram-me em gotas serenas
Deleitando-me olores
Em meus intrépidos quereres!
Ah! Menino, de arrebóis irisados
De tardes quase dia, quase noite
Deixa-me alvorecer em frêmitos
Nesta tua boca de orvalhos
A encharcar-me os poros...
Doce menino, bem sabes que te quero
Tanto, tanto, que enlouqueço
Leve-me para perto do teu colo
Deste teu estro encantatório
Que tanto me apraz! E mereço!
Preciso dos teus ardores
Teus quereres, teus amores
nesta paixão desembestada
Açoitando-me a alma
E açaimando-me os ímpetos
Deste querer absurdo!
Doce menino, arrebata-me
No furacão que me são
Teus catárticos desejos
E que eu exploda, em mil pedaços,
Entre amor e gozos!



Poema de Lavínia Andrill
Tela "O mundo de Maribe"

Million de roses - Dominique MOISAN



Uma das meais belas canções, para mim! Apaixonante! A poesia triste da sua letra é cativante! E a melodia, me abarca!


UM MILHÕES DE ROSAS

Era uma vez, um pintor
tendo apenas telas e cores,
mas ele amava uma atriz,
aquela que amava as flores.
Então ele colocou à venda
suas pinturas, sua humilde morada
e assim comprou
um oceano inteiro de flores.
Um milhão, um milhão,
um milhão de rosas vermelhas.
Através da janela, através da janela,
pela janela que você descobre
aquele que te ama, aquele que te ama
aquele que te ama de verdade
e vai mudar toda a sua vida
em flores para você.
Na janela, ela se pergunta
foi realmente algo
como um espetáculo glorioso
o lugar está cheio de rosas.
Sua alma está congelada por um momento:
- Quem é esse amante engraçado?
E em um canto, todo tremendo
o rapaz bonito abaixa os olhos.
Um milhão, um milhão,
um milhão de rosas vermelhas.
Através da janela, através da janela,
pela janela que você descobre
aquele que te ama, aquele que te ama
aquele que te ama de verdade
e vai mudar toda a sua vida
em flores para você.
A linda reunião foi breve,
ela saiu a noite,
mas em sua vida havia
o maravilhoso campo de rosas.
As pinturas do pintor tornam-se famosas
agora tinha apenas um tema,
um quadrado coberto de flores,
em uma linda janela, quem o ama.
Um milhão, um milhão,
um milhão de rosas vermelhas.
Através da janela, através da janela,
pela janela que você descobre
aquele que te ama, aquele que te ama
aquele que te ama de verdade
e vai mudar toda a sua vida
em flores para você.

275 - POETA, EU? QUISERA SÊ-LO!


Poeta eu?
Ri-me a alma
Alinha-me o sorriso torto
Tal donzela envergonhada...
Poeta, eu?
Não o sou, apenas arrisco
Rabiscos,
Pobres diabos deixados
No jardim do léxico.
Palavras toscas
Que as vezes me sobressaltam
E caem em borbotões desenfreados
E se espalham em vãs tentativas
De encontrar um significado.
Poeta, eu?
Quisera sê-lo!
Porquanto, falta-me tanto!
Calíope não me acolhe
As vezes, acena-me ao longe
Mas, vira-me a face e de mim, ri.
E vira-me as costas. E se vai.
Por isto, não sou Poeta!


Poema de Lavínia Andrill
Imagem: Internet

sexta-feira, 3 de agosto de 2018

274 - NADA TE PEÇO MAIS, AMOR MEU!

Nada te peço mais
Aqueles teus lascivos beijos, 
Aquelas carícias desnudas, 
Tuas mãos hábeis
desbravando os meus territórios...
Nada te suplico mais 
A tua voz rouca, imperceptível, edaz,
A sussurrar aos meus ouvidos
Aquelas loucuras, doces e vulgares...
Nada te peço mais
O enroscar das tuas pernas ás minhas, 
Teus braços fortes a enlaçar-me
Em puro deleite
Na prisão eterna que me é
Os teus ensandecidos desejos...
Não mais te despertarei
Nas frias, insones e longas madrugadas,
Não mais seduzirei teu corpo,
teus sentidos, teu sexo...
Não mais!
Seguirei meu caminho solitário
A espera de que, não mais,
Eu te deseje.


Imagem: Internet
Poema: Lavínia Andrill

quinta-feira, 14 de junho de 2018

POEMA 273 - ZÉ MANÉ


Fera humana, num repente se torna...
Esquece o gentil cuidado
Com os atos e as palavras
Tomando-se em esquivanças
Por quem a mão lhe estendera...
A estranheza o domina
Conspurcando a quem dele se aproxima
E ao lodo joga as suas virtudes
(um dia, as tivera?)
Pois, a lança a soltar-lhe boca afora
Mil feridas sangram
(não há cura!)
Compraz-lhe, aquele escolhido por alvo,
O sofrimento
Tirânica obsessão cega-lhe, a loucura
E julga-se senhor da razão!
O contraponto fora do ponto:
Zé Mané!
A ninguém engana
Pobre diabo!
Dentro de si, um coração atormentado
Uma alma tosca e pequena
Que a todos fere com seus modos vis
E segue em seu destino roto.


Direitos Autorais: Lavínia Andrill
Imagem: Internet



quarta-feira, 13 de junho de 2018

Dmitri Shostakovich - The Second Waltz



Música dos Deuses!

POEMA 272 - A ÚLTIMA MELODIA, A ÚLTIMA DANÇA

Quisera eu, morrer assim,
Ouvindo a mais bela melodia
Ao som de violinos, adentrar-me os ouvidos
Penetrar cada célula, prenhe em epifanias
E alcançar a minha alma,
Indelevelmente!
Se possível, dançar!
Loucamente rodopiar...
Atirar-me ao vento
Lançar-me por terra
Voar sobre as árvores, rios, oceanos
Alcançar nuvens, desvirginando horizontes!
Dançando... dançando... dançando...
Até que me sopre a última brisa
E o coração em êxtase
Bater acelerado ao ritmo da música
Que me atravessa por inteira!
Corpo em baile com a alma
Sentir os últimos acordes,
Penetrando-me as vísceras e,
Entregar-me, enlouquecidamente,
A última melodia, a última dança,
Ao último suspiro...
Até os olhos alcançarem
A escuridão do nada!


Direitos Autorais: Lavínia Andrill
Imagem: Google

POEMA 271 - NOSTALGIA


Nostalgia
abocanha-me, inclemente!
Saudade de uma vida que não tive
Nem vivi, mas queima em fráguas,
Em mágoas, por não ter me permitido
Que assim fosse... vivido!
Rasga o peito em tormentas
Uma dor imensa,
Inexplicável,
Dilacerando vísceras
Enegrecendo-me a alma,
criança atônita ,
Que incalma chora
Na prisão de um corpo
que não se permite,
Sequer admite,
Ser feliz.
E, simplesmente, segue

Rumo ao inexorável fim!


Direitos Autorais: Lavínia Andrill
Imagem: Google

POEMA 270 - SANTA LOUCURA


Que a santa loucura me atravesse
Tal raio em tempestade
E me tome por inteira.
Que não haja réstia
De meia-lucidez
(que a loucura seja a minha bandeira,
amiga e companheira) e
Entregar-me ao inusitado
A insanidade poética
Dos loucos desvairados
(quem sabe a vida tenha sentido?)
Dançar na chuva, na madrugada
Até sangrar-me os pés descalços
Na nua e fria calçada.
Ouvir os acordes
Da minha insana mente, e
Rodopiar, dançar, loucamente,
Lançar-me ao vento, flutuar
Até a exaustão do corpo
E o êxtase da alma.
Até que me reste um sopro de vida
Até o bater do último tambor
Em meu peito extenuado
Até abraçar-me a morte
E a escuridão adentrar-me
E eu me entregar, docemente,
Ao nada.


Direitos Autorais: Lavínia Andrill
Imagem do Google

domingo, 11 de março de 2018

POEMA 269 - PERMISSIVIDADES


Sirva-me a ti, meu Dom, em lauto banquete
de luxúria e permissividade
numa opulência de devassos requintes orgiásticos
e inconfessáveis loucuras...
Licencio a ti, amor meu, meu corpo por inteiro
e, se quiseres, dou-te a alma
e de ti serei escrava
por eternidades.
Faça o que quiserem teus insanos desejos
no imaginário desta tua devassa mente.
Não me poupes nada.
Não te imponho limites.
Quero desfrutar a exaustão
estes teus loucos quereres...
Leva-me ao céu ou ao inferno,
se assim quiseres.
Submeto-me sem reservas
e subjugo o orgulho e o medo,
deus supremo da libertinagem.
Para glória e delícias
da minha alma obscena,
a ti me avassalo,
desmesuradamente, meu Dom!


Autoria: Lavínia Andrill
Imagem: Internet