sexta-feira, 29 de maio de 2015

POEMA 236 - CALA-TE, ALMA. CALA-TE!

O vento leste sopra em meus ouvidos
as tuas ausências... tantas!
Vento gélido, gélida noite
Devoram-me
os sonhos
os anseios
os desejos...
Faz-se silêncio na alma!
Solitude incalma.
Não há poesias
Não há aconchegos
Não há canção,
Tampouco, carinhos.
Vê-se no ar notas melancólicas
de silêncios e solidões...
Calam-se as palavras.
Só a alma
debate no velho corpo.
Alma solitária, cala-te.
Aceita teu destino
monolítico
E cala-te!



AUTORIA: Lavínia Andrill
Imagem: Internet

domingo, 3 de maio de 2015

235 - O VERBO ME INSTIGA!

Sou dama mundana,
das palavras sou amante!
Deito-me com o verbo
Prenho-me de abstratos.
Do útero fecundo,
aborto versos. Em sândalos.
Meu tributo ao mundo. Presunção
de uma mulher
que se quer poetisa
e brinca de fazer poemas
e se diz absoluta.
E se pensa única!
Que fazer se tenho alma cronópia
e o canto das palavras
enfeitiça-me e me põe a brincar
com os seus sentidos
inelutavelmente?
Desiderato!
Desvelos de uma alma
que no peito não se acalma.
O verbo me instiga...
Palavras são asas!



Lavínia Andrill
Imagem: Internet

POEMA 234 - O TEMPO É UMA QUIMERA

Os portais do tempo
 sibilam em meus ouvidos
 seus sons enferrujados.
Eras e quimeras debatem-se
 nas entranhas da velha alma.
Os acordes vorazes são sempre os mesmos,
apenas se repetem a cada ciclo que se cria.
Não há o renovo. Mera fantasia...
A velha alma sabe disto.
Queda-se, complacente.
Espreita e espera... Sente
que tudo se repete.
Intermináveis ciclos.
Indubitavelmente,
em eras e quimeras.




Lavínia Andrill
Imagem: Internet