domingo, 23 de outubro de 2016

POEMA 264 - GUERREIRA!

Esta magia em me reinventar
de recolher as cinzas e me transmudar
em dúctil matéria...
De onde vem?

Esta teimosia
que trago em meus olhos
(sempre buscando novos caminhos)
os quais percorro, um a um,
incontinenti...
De onde vem?

Esta vontade tirânica
que domina o meu ser
e me empurra adiante
sem jamais admitir as derrotas
(pequenas batalhas a vencer)...
De onde vem?

Este embalar, incansável, de sonhos
(nunca, quimeras...)
que tanto encantam minha alma
tornando-me sempre mais forte
a cada levantar de uma queda
(não me faz recuar... apenas ir
- se, à frente é que se anda)...
De onde vem?

VEM
da argila rara
com a qual foram feitas
as destemidas guerreiras.
Incansáveis. Insaciáveis... tão contumazes!
Jamais vencidas!


Autora: Lavínia Andrill
Imagem: Internet

domingo, 16 de outubro de 2016

POEMA 263 - PAIXÕES E AUDÁCIAS...

Que sina a minha,
mulher de sentidos incontroláveis
paixões inevitáveis
e audácias incontáveis...
O contraditório e o inesperado,  embriagam-me!
Tentam a minha insaciável sede
de quereres absurdos...
Sou uma taça que nunca se esvazia
Prenhe de desejos desvairados que tanto me flamejam!
Devaneante tresloucada, sou por opção,
para prazer do meu corpo e deleite da minha alma
Posto que, só me apraz, as paixões desmesuradas
os amores inconcessos, as loucas madrugadas...
Anjo libertino de asas quebradas
Para que asas, se a terra é o meu destino
e meu voo são os sonhos...
e a liberdade que tanto me consome
(nunca a alcanço!)
Valsa de fogo, não me dá alento
Em danação, vive minha alma
Meu corpo é fornalha
brasas que nunca se apagam
apenas ardem.
Apenas ardem.


AUTORA: Lavínia Andrill
Imagem: TELA de Liu Yuanshow

POEMA 262 - O RENOVO DE UM SONHO

Do precipício da alma, emergiram-me os sonhos
Das profundezas abissais, o renovo de um canto
que julguei morto
E rasgam-me a garganta num delírio inevitável
Ressuscitados!
Nada foi em vão!
Nada se perdeu!
A dor, que em rasgos de desgraças,
estraçalhava-me a alma,
recolheu suas garras
Já não mais se mostra
Queda-se, vencida
Dissipara-se o breu
Enfim, os clarins de uma nova aurora
embala o velho peito, em esperanças!
Ao longe, lentamente, aproxima-se uma tênue luz...
A alma já não chora,
O peito já não geme,
A esperança, menina travessa,  acaricia meus cabelos de lua...
 A borrasca da minha alma
Tornou-se bonança.
Os sonhos, renovaram-me!
O etéreo, eternidade!


Autora: Lavínia Andrill
Imagem: Internet

POEMA 261 - SEGREDOS VIS

Por que sussurras aos meus ouvidos
estes segredos vis
Se estes teus segredos, são minha perdição,
E nesta perdição é que me salvo...
- todas as tuas perversões, Senhor?
Se, num átimo dos teus desejos amalgamados aos meus,
perdendo-me, me salvo...
Estes teus segredos vis levam-me a terras distantes
aonde ninguém adentra
onde enfrento meus monstros
adestrados por ti. Meu deus pagão. Senhor!
Despertas em mim vontades inconfessas
loucas, libertinas, ardilosas. Tão vis!
Tens o poder de me conduzir com o teu querer encantatório
meu Dom, meu Senhor!
Joga-me ao calabouço dos desejos insanos e paixões desembestadas
Prazeres tão estranhos... tão sutis...
Ah, estes nossos segredos vis
meu Santo Graal, sem o qual não mais vivo!
Minha pobre alma, em danação, perde-se e se encontra
nos meandros destes teus quereres aos quais me subjuga.
Profanos!
Ardis aos quais me submeto. Por devoção, amor e vocação.
- Há sentido para uma desenfreada e tresloucada paixão?
Valsa de fogo a beira do abismo
para onde me arrastam os sentimentos desgovernados...
Não! Não há como resistir ao domínio
destes teus segredos vis
Destes teus quereres libidinosos,
se para mim são apenas fascínios!
Sacralizados. 
(O chicote que lacera, a pele acaricia)
Senhor, meu Dom!




Autoria: Lavínia Andrill
Imagem: GAGUTH

POEMA 260 - ESTRANHA ALQUIMIA

Tal veste que adorna um corpo
assim é o teu em mim.
Tatuagem que não se remove.
Em arroubos de uma paixão desvairada
torno-me porto. Tu, embarcação, em mim atracada
afluindo teus desejos aos meus
sempre tão incontidos!
Subverto-me a ti em uma estranha alquimia...
Guardião dos meus quereres
Sacerdote da minha alma
Como não atender ao teu chamado?
A danação dos teus quereres desvairados
A taça pervertida que me solves
garganta abaixo e domina todo o corpo
e me provoca em êxtases,
enlouquecendo a minha alma... como recusá-la?
Tão fácil se espalham as chamas...
Nosso pacto de sangue ainda dói em nossos pulsos
Juramentos. Entregas infinitas. Transubstanciação.
Coisa louca, esta paixão!
Fogo líquido a escorrer-me pela alma e pelas pernas
Não queima. Alivia meus ardores.
Alivia... apenas!
Numa estranha alquimia!



Autoria: Lavínia Andrill
Imagem: Internet