quinta-feira, 14 de junho de 2018

POEMA 273 - ZÉ MANÉ


Fera humana, num repente se torna...
Esquece o gentil cuidado
Com os atos e as palavras
Tomando-se em esquivanças
Por quem a mão lhe estendera...
A estranheza o domina
Conspurcando a quem dele se aproxima
E ao lodo joga as suas virtudes
(um dia, as tivera?)
Pois, a lança a soltar-lhe boca afora
Mil feridas sangram
(não há cura!)
Compraz-lhe, aquele escolhido por alvo,
O sofrimento
Tirânica obsessão cega-lhe, a loucura
E julga-se senhor da razão!
O contraponto fora do ponto:
Zé Mané!
A ninguém engana
Pobre diabo!
Dentro de si, um coração atormentado
Uma alma tosca e pequena
Que a todos fere com seus modos vis
E segue em seu destino roto.


Direitos Autorais: Lavínia Andrill
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quarta-feira, 13 de junho de 2018

Dmitri Shostakovich - The Second Waltz



Música dos Deuses!

POEMA 272 - A ÚLTIMA MELODIA, A ÚLTIMA DANÇA

Quisera eu, morrer assim,
Ouvindo a mais bela melodia
Ao som de violinos, adentrar-me os ouvidos
Penetrar cada célula, prenhe em epifanias
E alcançar a minha alma,
Indelevelmente!
Se possível, dançar!
Loucamente rodopiar...
Atirar-me ao vento
Lançar-me por terra
Voar sobre as árvores, rios, oceanos
Alcançar nuvens, desvirginando horizontes!
Dançando... dançando... dançando...
Até que me sopre a última brisa
E o coração em êxtase
Bater acelerado ao ritmo da música
Que me atravessa por inteira!
Corpo em baile com a alma
Sentir os últimos acordes,
Penetrando-me as vísceras e,
Entregar-me, enlouquecidamente,
A última melodia, a última dança,
Ao último suspiro...
Até os olhos alcançarem
A escuridão do nada!


Direitos Autorais: Lavínia Andrill
Imagem: Google

POEMA 271 - NOSTALGIA


Nostalgia
abocanha-me, inclemente!
Saudade de uma vida que não tive
Nem vivi, mas queima em fráguas,
Em mágoas, por não ter me permitido
Que assim fosse... vivido!
Rasga o peito em tormentas
Uma dor imensa,
Inexplicável,
Dilacerando vísceras
Enegrecendo-me a alma,
criança atônita ,
Que incalma chora
Na prisão de um corpo
que não se permite,
Sequer admite,
Ser feliz.
E, simplesmente, segue

Rumo ao inexorável fim!


Direitos Autorais: Lavínia Andrill
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POEMA 270 - SANTA LOUCURA


Que a santa loucura me atravesse
Tal raio em tempestade
E me tome por inteira.
Que não haja réstia
De meia-lucidez
(que a loucura seja a minha bandeira,
amiga e companheira) e
Entregar-me ao inusitado
A insanidade poética
Dos loucos desvairados
(quem sabe a vida tenha sentido?)
Dançar na chuva, na madrugada
Até sangrar-me os pés descalços
Na nua e fria calçada.
Ouvir os acordes
Da minha insana mente, e
Rodopiar, dançar, loucamente,
Lançar-me ao vento, flutuar
Até a exaustão do corpo
E o êxtase da alma.
Até que me reste um sopro de vida
Até o bater do último tambor
Em meu peito extenuado
Até abraçar-me a morte
E a escuridão adentrar-me
E eu me entregar, docemente,
Ao nada.


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