domingo, 19 de junho de 2016

POEMA 250 - AS ESTAÇÕES DA ALMA

Vive tudo o que quiseres viver com a intensidade que a vida exige. Deixe tudo registrado no livro do teu destino. Gravado em luminuras e pergaminhos, nos sinais da tua pele! Ame intensamente. Embriague-se de paixão, tal bacante desvairada. Apaixone-se desesperadamente. Entregue-se sem mesuras! Vive os prazeres da carne e os devaneios da alma como se o amanhã não houvesse! Curte intensamente o teu verão. Vive todas as tuas loucuras! Vibre com a tua primavera e que explodam em flores ou espinhos, as paixões avassaladoras! Assim, quando chegar o teu outono e não mais carregar em teu ânimo o vigor da tua juventude e, muitas vezes, teu corpo não mais atender ao chamado da tua mente, onde a juventude teima em não se aquietar... E, quando chegar o teu inverno e o implacável frio tremular tuas carnes, e vísceras, e anegrar tua mente, lá, num cantinho abscôndito da tua alma, estarão as lembranças do esplendor da vida em todas as vívidas estações: a tua juventude! Elas, as lembranças serão o teu alento, teu alimento, e te esquentarão do invernecer dos teus dias. E te acalentarão. E te embalaram. Serão canção de ninar teus ouvidos enfraquecidos! Que role em teus olhos embaçados, onde ao horizonte não mais alcança, uma análgica e indomável lágrima! Tristezas? Não! Lembranças! E, elas te acompanharão, num átimo infindável. Até que te sopre na velha alma, o teu último suspiro! Enfim, poderás dizer a ti mesmo: Sim, eu vivi o benfazejo destino, em toda a sua plenitude: o verão, a primavera, o outono e o inverno. Estou pronta para transformar-me em indelével brisa! 


Autoria: Lavínia Andrill
Imagem: Internet

quinta-feira, 16 de junho de 2016

POEMA Nº 249 - CANÇÃO PARA A MINHA DESESPERANÇA

Dizem que sou guerreira, destemida e forte
mas, onde diabos se perderam minhas armas?
O negror da gélida e temível madrugada 
debruça sobre as minhas pálpebras cansadas
que teimam em manter-se abertas, ao mundo alertas.
Os ecos da minha desesperança, perfuram meus tímpanos,
 ensurdecendo-me a alma que incalma,
 dança feito ninfa louca
em volta da fogueira onde ardem os meus sonhos.
Em que ruelas da vida perderam-se os meus sonhos?
Por que não me acho na estrada em que tracei o meu destino?
Esta dor atávica a apertar-me o peito como se nada mais
tivesse jeito
e na mente tonta apenas idéias desconexas marcam o ponto.
Meus sonhos, frágeis gravetos que a mão do destino, impiedosamente, quebra...
Um a um. A mim? Nada mais resta!
Nem os cacos, para catá-los. Apenas uma tênue chama
Prende-me a mim mesma. E já não há forças para mantê-la. Acesa.
A guerreira? Venceram-na! Nada mais resta. Incontinenti!


Autoria Poema: Lavínia Andrill
Imagem: Internet