Acordo. Abro os olhos... Espreito
os vãos do meu quarto. Descubro-me viva. Mais uma vez. Preguiça de sair da
cama. Levanto-me. Miro o outro lado. Corro e me atiro nele. Aos pés da cama.
Corpo pesado não quer se mover. Travesseiro me chama. Abraço-o. Devaneio... Começo a sonhar (de novo). Não quero (não
posso) não devo continuar nesta impotência que me idiotiza e me leva à beira do despenhadeiro. Meu ser enche-se de brumas numa anátema impossível de se evitar. Vivo à margem do compreensível. Como um abanto, falta-me forças para reagir aos débeis comandos da minha mente que, em desespero, tenta tirar-me deste estado ablastêmico! Esforço-me e abro os olhos languescidos. Tento vencer a
inércia que de mim se apodera. Letargia. Mais uma vez, viro-me. Reviro-me.
Tamanha indolência. Tento raciocinar: que dia é hoje? 25. De que? Hã? De setembro. Que
horas? Dez e meia (perdi-me no tempo). Preciso me levantar... Quanto esforço!
Acorde! Levante! É uma ordem. Cabeça não obedece, se enfurece, olha o
travesseiro que chama... Levantar para que? Nada a fazer! Mais um dia igual a
todos os outros. Simplesmente, vegeto. Merda de vida! Olho o teto do meu quarto... quedo-me, a espera do passar das horas...
Autoria: Lavínia Andrill
Imagem: Internet
Arquivo: Fantasias 111
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