Pior que o amargor de ser só, é a solidão a dois...
Solidão que me estrangula e me sufoca sem que nada possa
fazer. As amarras que me prendem me impedem de não mais ser só. Esta solidão é pior que veneno, pois não atinge apenas meu
corpo, que adoecido segue adiante me roubando o viço, mas também a alma,
subtraindo-me a lucidez. Como o amo, então maior é o suplício, fazendo-me
prisioneira dele e de mim mesma. Sinto o tempo passar, mas não o vivo na intensidade que
quero, que preciso. A percepção é de que a vida está escorrendo por entre meus
dedos, levando o meu mais precioso bem: o que ainda me resta de viço, pois já
levou a minha juventude, de uma forma cruel que é a sensação de não ter vivido,
nem estar vivendo. Apenas indo... indo... Pra onde... não sei, pois a solidão
embaça meus sentidos, transformando-me em zumbi. Apenas. Passam-se as horas... passam-se os dias, olho em minha volta
e sempre estou só... e isto dói. Dói muito. Fecho os olhos e vejo-me num tempo e num
espaço de sonhos... Se ouço minhas canções preferidas me transporto para uma
outra realidade onde sou feliz e vivo intensamente pois assim eu desejaria que
fosse... a melodia me embala os sentidos e as palavras são um bálsamo derramado
sobre minha alma que dança feito criança e sonha, e vibra, e ama com a paixão
dos amantes utópicos. Meu Deus, tão pouco que eu sonhei, tão pouco eu desejara e
por que me foi negado? Por que a tristeza teima em tomar o lugar da minha
alegria e me traz este sofrer que me aperta e dói o meu coração sonhador e
romântico? Aonde foram meus sonhos juvenis? O que fiz da vida que me deram? E a solidão, senhora das horas e dos dias... por que não me abandona? Em que tempo perdera-se o meu viço? Nem me dei conta do tempo que me escorrera por entre os dedos... Vida sem graça, por que não passa? Chega! Para mim, basta!
Autoria: Lavínia Andrill
Imagem: Internet
Arquivo: Fantasia 117
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