Quem me quiser há de saber as conchas a cantigas dos búzios e do mar.
Quem me quiser há de saber as ondas e a verde tentação de naufragar. Quem me
quiser há de saber as fontes, a laranjeira em flor, a cor do feno, à saudade
lilás que há nos poentes, o cheiro de maçãs que há no inverno. Quem me quiser há
de saber a chuva que põe colares de pérolas nos ombros há de saber os beijos e
as uvas há de saber as asas e os pombos. Quem me quiser há de saber os medos
que passam nos abismos infinitos a nudez clamorosa dos meus dedos o salmo
penitente dos meus gritos. Quem me quiser há de saber a espuma em que sou
turbilhão, subitamente - Ou então não saber a coisa nenhuma e embalar-me ao
peito, simplesmente.
AUTORIA: Hamilton Ramos Afonso
Imagem: Internet
Arquivo: Fantasias/Fada
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