quarta-feira, 13 de junho de 2018

POEMA 270 - SANTA LOUCURA


Que a santa loucura me atravesse
Tal raio em tempestade
E me tome por inteira.
Que não haja réstia
De meia-lucidez
(que a loucura seja a minha bandeira,
amiga e companheira) e
Entregar-me ao inusitado
A insanidade poética
Dos loucos desvairados
(quem sabe a vida tenha sentido?)
Dançar na chuva, na madrugada
Até sangrar-me os pés descalços
Na nua e fria calçada.
Ouvir os acordes
Da minha insana mente, e
Rodopiar, dançar, loucamente,
Lançar-me ao vento, flutuar
Até a exaustão do corpo
E o êxtase da alma.
Até que me reste um sopro de vida
Até o bater do último tambor
Em meu peito extenuado
Até abraçar-me a morte
E a escuridão adentrar-me
E eu me entregar, docemente,
Ao nada.


Direitos Autorais: Lavínia Andrill
Imagem do Google

2 comentários:

  1. "...Lançar-me ao vento, flutuar
    Até a exaustão do corpo
    E o êxtase da alma..."
    Em tempos pretéritos, torna-me-ia nefelibata também apenas para vê-la lançar-se ao vento. Maravilhoso, parabéns.

    ResponderExcluir

Seu comentário é muito importante para mim! Obrigada por comentar!