Por favor, suplico-te: não abras a
minha Caixa de Pandora. Não gostarás do que ali está guardado! Os meus mais vis
desejos, ali os escondi. Meus anseios incomensuráveis, minhas fomes sem
mesuras, as minhas mais condenáveis fraquezas, minhas invejas doentias e
famintas, meus sentimentos mais abjetos. O abominável, está ali. Não ouves seus
guturais roncos? Não abra a minha Caixa de Pandora! Não desperte meus piores pesadelos,
meus medos demoníacos, meus pactos com satã, estão lá, e à espreita do menor
deslize. Estive no inferno e jantei à mesa com os seus convivas mais ilustres e
bebi com eles o sangue dos inocentes na taça flamejante de Satã. Não desperte
por clemência, meus vis sentimentos. Para a minha e a tua salvação, tranquei-os
na Caixa de Pandora! A demência mora lá. Não a queira aqui fora. Os pactos
libidinosos que fiz com as insanas criaturas da noite, na escuridão dos dias,
minhas taras mais absurdas, todas as minhas parafilias, ali quedam. O que há de
mais asqueroso e purulento, encontra-se escondido lá, apenas espreitando uma
pequena fresta na abertura da Caixa, e libertar-se-á. O que há de mais
inominável, está a espreita, para comer-te a carne, beber-te o sangue e sugar a
tua alma. Não haverá salvação se abrires a minha Caixa de Pandora! Eu te
suplico, não abras a minha Caixa de Pandora! Se não queres conhecer o inferno,
não a abra, posto que, para meus demônios não há correntes que os detenham. Nem credos, nem rezas.
Nem este teu Deus, te salvará! Não abras a minha Caixa de Pandora!
Autoria: Lavínia Andrill
Imagem: Internet
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