Não! Eu hoje não acenderei as luzes de minha casa. E pedirei aos meus
concidadãos que façam o mesmo! Nenhum lustre, nenhuma lâmpada, nenhum abajur,
nenhum farol. Nem mesmo um candeeiro! Um “fifó” sequer hoje. Mandarei um ofício
aos homens da administração municipal para que determinem não ser aceso nenhum
poste. Não! Deixem vir a noite! Deixem que eu escute a voz de sua escuridão! Farei
um silêncio de luzes para que sobre nós o mais completo negrume se pronuncie em
sua língua de abismos insondáveis. Para que eu ouça sua fala entrecortada por
brilhos de estrelas mortas. E para que entre uma frase e outra surja
suspenso o luar como um pensamento que se tem antes de dizer algo... É preciso
aprender a falar a língua da noite para dialogar com as nossas sombras!
Autoria : Jarbas Bittencourt
Imagem: Internet
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